De alguma maneira, todos nós já tivemos contato com a parte prática dos conceitos dos Mecanismos de Defesa do EGO, propostos pela Psicanálise.
Antes de falarmos sobre isso, é importante lembrar de como se processa a dinâmica da nossa psique segundo Freud, considerado o pai da psicanálise.
Nossa formação psíquica divide-se em ID, Ego e Superego.
O ID é a instância inconsciente e detentora de todas as pulsões mais instintivas da nossa mente.
O Ego é a instância consciente, com ressonâncias do inconsciente, influenciada pelos aspectos morais introjetados e aprendidos durante toda a vida através da última instância psíquica, o Superego.
Todas as experiências que passamos diariamente são dotadas de um importante investimento pulsional, afetam e são afetadas pelo autoconceito e por todos os aprendizados éticos e morais que introduzem durante a vida.
Equilibrar tudo isso é sempre uma tarefa difícil para o Ego, principalmente se levarmos em consideração o que Freud diz, que toda a nossa vida é fortemente influenciada, quando não, dirigida por aspectos marcantes recalcados em nosso inconsciente.
O recalcamento representa também um conceito importante e é uma espécie de mecanismo de defesa do Ego.
E isso tudo acontece porque o objetivo primordial da nossa mente consciente é manter o indivíduo em equilíbrio, preservando-o em sua zona de conforto, ainda que não seja tão confortável, e para isso devemos afastar algumas ideias que ameaçam esse equilíbrio.
Mecanismos de defesa do ego segundo Freud e a ameaça ao equilíbrio
Algumas ideias são empurradas para o inconsciente a fim de que a pessoa consiga lidar com elas de alguma forma.
E é por isso, principalmente em momentos de evolução da terapia, que se evidenciam os mecanismos de defesa.
Freud e sua filha Ana acreditavam que os principais mecanismos de defesa atuam de formas conjuntas e não fixas, variando de acordo com a personalidade de cada indivíduo.
O sujeito ainda seleciona as justificativas a fim de tentar evitar que o conflito entre atitude reprovável e os julgamentos do Superego se estabeleçam.
Às vezes pode parecer que o indivíduo não quer enxergar a realidade, mecanismo que chamamos de “surdez emocional” e é muito comum no cotidiano das pessoas de modo geral.
Temos também as formações reativas, que são representadas por atitudes diametralmente opostas ao que se pretende recalcar ou a regressão, que ocorre quando percebendo-se diante de uma frustração marcante, a pessoa retorna a uma fase que pensava já ter superado na tentativa de fugir do sentimento. Geralmente é nessa fase que ele encontra o prazer.
Projeção e mecanismos de defesa do ego
Ocorre quando um indivíduo atribui a outra pessoa características positivas ou negativas que lhe são próprias.
Esse processo é bastante conhecido e ele ocorre em nível inconsciente. Pode ser representado por atitudes infantis em uma pessoa já adulta.
A introjeção que é uma espécie de contraponto da projeção também se define por uma espécie de apropriação inconsciente de características de objetos e seres externos ao ego.
Por um lado, é até necessária durante os primeiros anos de desenvolvimento, mas por outro, quando o indivíduo é adulto, deve ser analisada com cautela.
Já a superação de conflitos ocorre através de um mecanismo de elaboração, que é representado pela ressignificação de uma determinada vivência.
Por fim temos a renúncia altruística, a reparação, a simbolização e a sublimação.
A renúncia altruística recebe esse nome porque ao executá-la a pessoa renuncia seus desejos narcisistas e por meio da projeção e da identificação, ele pratica atitudes “bem-vistas” socialmente fortalecendo vínculos de convivência.
A reparação organiza-se em torno de um sentimento de gratidão e a simbolização realiza-se através da substituição de cargas emocionais e afetivas, revelando sempre, conteúdos inconscientes. Isso ocorre muito nos sonhos.
É difícil conceituar a sublimação, por conta da sua definição transformadora de pulsão, necessidade e de um não recalcamento. Então podemos dizer que é uma espécie de substituição de impulsos originalmente sexuais por atividades de teor elevado.
Conhecer esses mecanismos constitui uma ação importante para as pessoas que desejam saber mais sobre si mesmas, e assim, através do auxílio da terapia e de uma auto-observação, elas são capazes de viver experiências afetivas muito mais saudáveis.
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