Você já deve ter ouvido falar por aí em Psicanálise, psicanalista, ou até mesmo já pode ter ouvido que “só Freud explica” isto ou aquilo, mas você sabe exatamente a que estes termos se referem? Que tal entender um pouco melhor sobre estes conceitos a partir de agora?
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A Psicanálise é o campo de estudo que investiga a estrutura e o funcionamento da mente humana (psique) a partir da análise e interpretação do Inconsciente. Isso porque o comportamento, os pensamentos e as emoções humanas não obedecem somente a uma lógica racional de funcionamento e sim a processos psíquicos complexos que muitas vezes envolvem partes da nossa mente que não podemos acessar de forma clara e direta, mas que influenciam constantemente nossa maneira de agir e de nos relacionarmos.
Tenha mais detalhes vendo este vídeo:
Origens da psicanálise
A Psicanálise tem suas origens nos estudos realizados por Sigmund Freud, médico recém-formado. Em 1882 ele inicia seus trabalhos na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert e, posteriormente, em 1885, com o médico francês Charcot, no Hospital Salpêtrière, nos quais Freud atendia pacientes com histeria, que era o nome dado à manifestação de sintomas físicos como paralisias, cegueira ou tremores que não possuíam uma causa física definida.
Freud observou que os tratamentos utilizados com os pacientes histéricos não surtiam efeitos satisfatórios e então passou a investigar as reais causas da doença. Foi aí que Freud passou a experimentar o método da livre associação, que consistia em deixar o paciente falar livremente o que lhe vinha à mente, para então realizar um trabalho de interpretação dos padrões de fala e reações dos indivíduos, o que possibilitava a compreensão daquilo que estava oculto na mente dos pacientes e que permitia tratar as disfuncionalidades físicas que surgiam como sintomas de um trauma psíquico.
Por permitir que o paciente se expressasse livremente e assim pudesse acessar e manejar seus traumas ocultos no inconsciente, o método da livre associação ficou conhecido como “cura pela fala”.
Principais conceitos da Psicanálise
Para entender melhor a Psicanálise, precisamos conhecer a forma como Freud concebia a mente humana.
Ao desenvolver sua teoria, Freud dividiu a mente humana em três grandes estruturas que ele chamou de consciente, pré-consciente e inconsciente.
O consciente é a menor parte da mente, representando sua camada mais acessível, na qual se encontram os pensamentos lúcidos, os sentimentos percebidos e as ideias objetivas, ou seja, tudo aquilo que percebemos racional e intencionalmente. É por meio dele que nos relacionamos com a realidade externa.
E o inconsciente é a parte na qual estão guardados os instintos e impulsos mais primitivos da mente humana e que não podem ser facilmente acessados pelo indivíduo. É ele quem projeta as imagens mentais ou situações do cotidiano que nos levam a fazer algo que era nosso desejo, mas que nós não realizamos porque senão seremos censurados. Nele se processam os sonhos e as ações que realizamos impulsivamente, como os atos falhos, os lapsos, os chistes, bem como os sintomas psicofísicos.
ID, Ego e Superego
O consciente, o pré-consciente e inconsciente se desdobram em outras três estruturas mentais – o id, o ego e o superego – que formam a personalidade humana.
O id representa a energia psíquica que busca a constante e imediata obtenção do prazer e é ele que direciona nosso comportamento na primeira infância, de maneira inconsciente, nos quais os desejos não obedecem às regras pré-estabelecidas pela sociedade, sendo expressão da paixão, agressividade, entre outros impulsos primitivos.
O superego representa as regras sociais e morais apreendidas no meio no qual o indivíduo se desenvolve, atuando como um juiz que orienta nosso comportamento de acordo com as regras vigentes na sociedade e estrutura familiar. A repressão exercida pelo superego surge a partir da socialização e da internalização das regras impostas pelos nossos pais, instituições e contexto social como um todo.
O ego é a estrutura que faz a intermediação entre os níveis conscientes e inconscientes da mente humana, numa permanente tentativa de conciliação entre as exigências do id e as imposições do superego. O ego, diferente do que nos ensina o senso comum, não é a expressão da vaidade de alguém e sim a instância psíquica que nos possibilita sermos racionais e sociáveis.
Sendo assim, o objetivo da Psicanálise em relação às pessoas, quer seja como construção teórica, quer seja como prática clínica, é intervir no processo de interação entre o consciente e o inconsciente, através de diferentes abordagens, partindo do fortalecimento do ego. Isto é, a Psicanálise procura fornecer ferramentas que auxiliem na busca pelo equilíbrio da mente, pois um sujeito dominado pelo id pode apresentar comportamentos nocivos a si próprio e aos outros, devido a busca desenfreada pela satisfação dos desejos a despeito de qualquer regra social ou moral; assim como, um sujeito totalmente dominado pelo superego pode tornar-se alguém apático, submisso e incapaz de expressar suas próprias necessidades e desejos.
Nem só de Freud vive a psicanálise
Apesar de ter dado origem aos estudos em Psicanálise e de ser o nome mais famoso quando se pensa na disciplina, Freud não foi o único a estudar o assunto.
A seguir, traremos alguns autores que também foram fundamentais para o desenvolvimento da Psicanálise.
Melanie Klein
Melanie Klein foi uma psicanalista pós-freudiana que contribuiu grandemente para a consolidação da Psicanálise infantil, pois ela conseguiu estabelecer uma teoria do desenvolvimento do psiquismo humano que se inicia desde o nascimento, demonstrando através dos conceitos de “seio bom” e “seio mau” que a criança experimenta desde muito cedo a noção de cuidado e ausência, sendo que ainda nos primeiros meses de vida a criança não tem a noção de diferenciação do “eu” e do “outro”, estabelecendo uma relação fusional com a mãe e, dessa forma, não é capaz de entender que o “seio bom” e o “seio mau” fazem parte da mesma pessoa, e assim passa a expressar sua agressividade e pulsão de destruição toda vez que a mãe se ausenta e é neste momento que a criança assume a posição esquizoparanóide.
Já a partir dos 6 meses de idade, a criança inicia a posição depressiva, na qual começa a perceber que o “seio bom” e o “seio mau” pertencem a mesma pessoa e passa a perceber-se como algo destacado do todo, formando sua própria imagem corporal, o que a leva a experimentar a angústia de castração, ou seja, o medo da perda da mãe que já está integrada à realidade externa, iniciando-se o Complexo de Édipo.
A posição depressiva vai sendo superada a partir de outras perdas ao longo do desenvolvimento, nas quais ela vai elaborando o luto e superando a fase depressiva. Se isso não ocorrer, pode surgir a psicose.
Melanie Klein trabalhou com bebês e crianças muito pequenas e a partir desse trabalho desenvolveu a técnica do brincar, que não segue o método psicanalítico tradicional, pois a criança não consegue verbalizar sua angústia pelo método da livre associação, mas é capaz de revelar suas angústias no momento da brincadeira, sendo assim possível acessar o inconsciente das crianças e trabalhar seus medos e fantasias.
Jacques Lacan
Lacan desenvolveu seu estudo do inconsciente a partir da Linguística, pois para ele o mundo se estrutura através dos símbolos e significantes que determinam o sentido dos objetos, imagens e situações com os quais a mente se depara na realidade externa.
Lacan, então, dá origem a sua teoria na qual o “eu” e o “outro” são concebidos por intermédio da linguagem. Neste contexto, Lacan elabora o conceito de linguagem parental, pois o inconsciente da criança é significativamente afetado pela forma como os pais se comunicam com ela.
Donald Winnicott
Para Winnicott, todos nós nascemos com potencial de nos desenvolvermos e nos integrarmos plenamente no mundo externo, porém para que isto de fato ocorra são necessárias algumas condições indispensáveis relacionadas ao ambiente familiar, econômico e social da pessoa em desenvolvimento, sendo que a principal dessas condições seria a relação entre a mãe e a criança, estabelecendo assim o conceito de “mãe suficientemente boa”, que não é nem perfeita, nem negligente, mas antes se encontra numa posição mediana entre esses dois extremos.
Quando acontecem falhas no relacionamento com a mãe, ou quando o ambiente não é adequado, a criança pode não amadurecer emocionalmente, o que a prejudicará no futuro.
Wilfred Bion
Bion dedicou-se à análise de grupos, nos quais ele observava dois níveis de funcionamento relacional entre os componentes do grupo e que estavam atrelados aos conceitos do consciente, que ele descrevia como atividade mental manifesta, que opera no nível racional de atividade mental, ligado ao princípio de realidade; e do inconsciente, que seria o nível emocional da atividade mental, ligado ao princípio do prazer, no qual as emoções primitivas dos indivíduos que compõem o grupo emergem, fazendo com que o grupo atue de modo disfuncional, gerando a psicose.
A função do psicanalista na análise de grupos seria manter a atuação do grupo no nível da atividade mental manifesta, pois é nesse nível que os indivíduos que compõem o grupo são capazes de cooperarem entre si, em prol do objetivo comum.
Carl Gustav Jung
Carl Gustav Jung, conhecido como o pai da Psicologia Analítica, é contemporâneo de Freud, este tendo sido seu amigo e mentor por algum tempo. Ambos compartilhavam do mesmo interesse em entender as forças do inconsciente que afetam o comportamento humano.
Jung discordava em diversos aspectos da teoria freudiana. Enquanto Freud acreditava que a mente inconsciente consistia em desejos reprimidos, especialmente de cunho sexual, Jung acreditava que havia outros motivadores importantes além da sexualidade, como a religiosidade e a autorrealização.
Para ele, existem três níveis de consciência: o consciente, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo.
A consciência se refere a eventos e memórias das quais estamos cientes.
O inconsciente individual se refere às experiências construídas desde a infância. São eventos do nosso passado que nos afetam e dirigem nossas respostas emocionais, apesar de não estarmos a par da sua interferência.
O inconsciente coletivo se refere às experiências comuns à sociedade, no âmbito familiar e coletivo, que influenciam nosso comportamento, apesar de não as termos vivenciado de forma direta.
Wilhelm Reich
Grande parte das obras de Reich têm origem na teoria psicanalítica. Suas primeiras contribuições se baseiam principalmente nos seus conceitos sobre o caráter e o que ele chama de couraça, os quais foram desenvolvidos a partir do conceito psicanalítico da necessidade que o ego tem de se defender das forças instintivas.
Segundo sua teoria, o caráter de um indivíduo contém padrões de defesa, consistentes e habituais. Primeiramente, ele analisou esse padrão em termos psicológicos e pouco a pouco foi associando diferentes formas de resistência do caráter com padrões específicos de couraça muscular. Reich colocava muita ênfase na importância de dissolver a couraça muscular, além de tratar analiticamente o material psicológico.
Esses foram apenas alguns dos pensadores que contribuíram para o desenvolvimento da Psicanálise, sendo que atualmente diversas tendências contemporâneas convivem com abordagens mais tradicionais. Neurociência, Psicofarmacologia e Linguística são algumas das ciências que tradicionalmente não se dedicavam ao estudo das funções do consciente e do inconsciente, mas que atualmente têm trazido grandes contribuições para o campo da Psicanálise.
A Psicanálise é atividade privativa do Psicólogo?
A resposta a essa pergunta é não.
Atualmente a profissão de psicanalista é uma atividade de livre exercício, podendo ser praticada por qualquer pessoa que se dedique ao estudo da Psicanálise. Todavia, devido à grande complexidade e abrangência da Psicanálise, é interessante que os pacientes procurem profissionais com sólida formação em teoria e técnica psicanalítica, podendo ter uma formação complementar em alguma outra área. É muito comum as pessoas acharem que todo psicólogo é um psicanalista, no entanto, sabemos que a psicologia não é o único caminho para a prática psicanalítica.
Na nossa escola abordamos a Psicanálise de forma multidisciplinar, através de uma abordagem ampla, baseada em diversas teorias e técnicas.
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